Divisão de Setores em Projetos de Irrigação em Paisagismo

A divisão dos setores em um projeto de irrigação para jardins e gramados pode ser o maior desafio para projetistas iniciantes.

Existem várias variáveis a serem analisadas e critérios de tomada de decisão.

Esta etapa em projetos é onde a experiência e a prática são de extrema valia. Um bom projetista tem que fazer uma análise prévia da planta recebida.

Um ponto de partida extremamente importante é o estudo do movimento do sol dentro do projeto. A planta sempre deve vir com a indicação do Norte Geográfico na planta.

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Com esta indicação podemos verificar quais os pontos que terão mais horas de radiação solar que outros.

O microclima é uma das variáveis mais importantes para a divisão de setores (zonas), em um projeto de irrigação para áreas paisagísticas.

É aqui onde temos que ter uma grande análise por parte do projetista.

À verificação da existência de árvores nativas e a sombra que elas produzem é outro fator de extrema relevância.

Muitas vezes os projetos arquitetônicos ou os de paisagismo não contemplam as árvores nativas existentes nos locais.

Isso pode levar a problemas graves e que, na maioria das vezes, sua correção é muito trabalhosa e onerosa para o cliente.

Em algumas literaturas se fala em separar zonas úmidas de zonas secas. Em outras temos o conceito de Hidrozona, que são áreas dentro do projeto que possuem características semelhantes de microclima e necessidade de água.

Mesmo talvez seja a parte mais complexa no inicio, porem com a experiência e o projetista desenvolvendo preferências e padrões inicia a ser uma coisa automática.

Neste momento é que temos que ter um cuidado ainda maior na análise. Projetistas com excesso de “prática”; tendem a projetar em piloto automático o que pode levar a divisões errôneas.

A seguir vamos dissertar sobre alguns critérios que devem ser analisados na divisão de setores.

Critérios arquitetônicos e de microclima:

  • Áreas sombreadas X Áreas expostas;
  • Áreas úmidas X Áreas secas;
  • Paredes verdes internas X Paredes verdes externas
  • Paredes verdes altas (parte mais alta e parte mais baixa)
  • Telhados (coberturas) verdes

Os critérios arquitetônicos relativos a microclima, já descritos anteriormente, constituem uma das variáveis mais determinante na divisão de setores em um projeto. Muitas vezes, mesmo tendo possibilidade hidráulica de menor numero de setores, temos que ter um numero maior de zonas para atender às demandas de microclima.

Se a obra possui um telhado verde, com certeza temos que ter setores específicos para esta área.

Paredes verdes, mesmo interna, possuem demandas de água diferentes entre a parte superior e a parte inferior.

Abaixo uma foto de uma residência (que não possui sistema de irrigação), mostrando a diferença da grama em local mais sombreado.

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Jardins de inverno e jardins dentro de áreas construídas (jardins dentro de shoppings, clínicas, etc.). Devem ser separados das áreas externas sempre. Pode parecer obvio.

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Critérios Econômicos:

  • Por vazão máxima de válvula

Válvulas solenoides possuem uma grande diferença de preço por tamanho. Por exemplo, uma válvula de 1-1/2” pode custar até três vezes mais que uma válvula de 1”. Além disso, válvulas maiores necessitam de caixas plásticas maiores e também hidráulicas maiores.

Muitas vezes depois de feita a divisão por critérios de microclima e hidráulico chegamos a um número de setores e vazão de projeto que requer uma válvula de 1-1/2”, a vazão máxima para uma válvula de 1” é de 2.52 l/s – 9 m3/h, mesmo assim são poucas, a grande maioria das válvulas de 1” é de 1,9 l/s – 7 m3/h.

Neste caso aumentar mais um setor pode resultar em uma vazão de projeto que se adéque a utilização de válvula de 1” resultando em um sistema mais econômico.

  • Diâmetro máximo a ser utilizado

Os preços dos sistemas de irrigação são diretamente proporcionais ao diâmetro da linha principal. Um sistema de irrigação residencial com um diâmetro de linha principal de 32 mm, terá um valor de tubulação 40% menor do que a utilização de uma linha principal de 50 mm.

O projetista após selecionar a vazão de projeto e dividir os setores deve estar atento ao diâmetro resultante da linha principal com menor diâmetro e com consequente redução de custo final do sistema.

Não existe, oficialmente, recomendação de diâmetros máximos por tipo de projeto. Mas podemos afirmar que uma residência com área de jardins de até 5.000 m2, com diâmetro de linha principal de 75 mm é antieconômico.

O mesmo pode se dizer para campos de futebol com diâmetro de linha principal de 100 mm (estamos referindo a apenas um campo com medidas oficiais).

  • Potência instalada e consumo de energia elétrica

Quando se necessita da utilização de bombeamento em um sistema a divisão de setores de acordo com a vazão máxima para modelos de conjunto motobomba com potências de motor mais baixo além de preços temos também a parte da instalação elétrica necessária, painel de acionamento e consumo de energia eficiente.

Da mesma forma que o critério de diâmetro máximo podemos considerar inaceitável um motor de 5 CV em uma residência.

Outras vezes temos limitações elétricas. Em projetos onde a instalação elétrica já está instalada, não temos como aumentar muito a carga instalada e temos que limitar a potência do motor e consequentemente temos um limite de vazão de projeto.

  • Critérios Topográficos
  • Taludes x Áreas Planas

Talude é um aparte crítica em um projeto de irrigação para paisagismo. Muitas vezes é o maior desafio. O ideal é sempre termos setores específicos para taludes.

  • Paisagísticos
  • Tipos de Plantas

Esse é o mais óbvio e que mais deve ser atendido. É muito importante e necessita de conhecimento de plantas e suas necessidades de água. Infelizmente, muitas vezes os próprios paisagistas não conhecem bem estas necessidades e acabam especificando plantas inadequadas a uma região ou a um projeto.

  • Utilização do Paisagismo

Mesmo tendo plantas idênticas a na mesma condição de microclima temos que separar setores de acordo com a utilização das mesmas dentro do projeto de paisagismo.

 

 

Fonte: Revista Irrigazine 
giacoiaAutor: José Giacóia Neto

Engenheiro Agrícola, M.Sc. em Irrigação e drenagem (UFV)
e MBA em Gestão Comercial (FGV).
Gerente de Negócios Internacional da Rain Bird.

 

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